Ponderei, sim, ponderei se deveria ou não escrever este texto. Porque os demónios deste tema, estão há muito exorcizados, porque já tudo passou. Mas, a memória, ainda que seja de uma outra pessoa que já não sou eu em muita coisa, existe. Existe, sim, não como mágoa a carregar, não como tristeza, mas sim como uma bênção por ter passado por uma má experiencia e da qual, hoje em dia com olhar distante posso falar com espirito livre e com serenidade sobre este assunto.
Vou directa ao assunto que me trás aqui. Há dias, que ando a ouvir nas noticias, sobre violência doméstica. Mulheres que durante anos, estão sujeitas a maus tratos, primeiramente os psicológicos, depois os de nível físico.
Muitas delas, por motivos dos quais, nunca deveriam constituir problema, não denunciam ao mundo o que sofrem. Motivos, tais como, a vergonha - essa maldita, que da qual só deveríamos ter era quando somos irracionais e tratamos o nosso semelhante como se nada se tratasse- o medo - esse sentimento que traumatiza, que paralisa, que bloqueia, do qual elas se alimentam como um falso refugio! E finalmente, o não se expor perante a sociedade, família e amigos, pois, parece mal...a exposição é lixada, ser discreto sempre, mesmo que se apareça com um olho negro no dia seguinte e se diga que se bateu com a cara no armário ( quando, obviamente toda a gente sabe que é mentira e percebe-se perfeitamente o que se está a passar).
Nunca ninguém me bateu, mas, sim, expor é necessário, expor é para se saber que se tem consciência, que, há que dizer um BASTA, que, é necessário afirmar o nosso amor próprio.
Oito meses bastaram para por fim numa relação. Quantos anos existem de relações iguais à minha, e quantas milhares passaram e passam pelo mesmo? O tempo, importa e muito! Quanto mais, pior!
Há um padrão geral que traça estes indivíduos, normalmente são alcoólicos ou gostam mais da pinga do que se devia. Logo, agem de consciência alterada.
Sinais de alerta: Controlo obsessivo; ligar para mim durante os exames da faculdade, durante as minhas idas à biblioteca; desconfiança cega de ciúmes sem o mínimo fundamento; desrespeito geral pelos meus interesses pessoais; imposição forçada dos interesses dele, principalmente do péssimo gosto musical e de filmes; afirmações constantes que eu não sabia fazer nada das lides domésticas, nem cozinhar, nem nada; endividar-me na faculdade; traição e roubo.
Oito meses, pois é, despejei as coisas dele porta fora, tão simples como isso.
Agora, vem o busílis da questão, então e porque é que conviveste com um fulano assim? Ah pois é! Pelo mesmo motivo que leva a todas as mulheres que passam pelo mesmo, ou seja, que irão dar a uma relação condenada, que é: ah e tal, com a minha idade, quem depois irá ficar comigo, ah e tal, ele parece boa pessoa, ah e tal é melhor juntar-me a ele, mesmo desempregado, pois, parece boa pessoa, ah e tal não quero ficar desamparada.
Tudo em absoluto, o que escrevi no paragrafo em cima, jamais, em tempo algum pertence ao meu EU, de agora! Mas, sim, foi o meu pensar durante 8 meses!
Primeiro, nenhuma mulher é dependente de nenhum homem e nenhum homem é dependente de nenhuma mulher.
Segundo, quando nos sentimos sufocadas, reduzidas a nada e com pena de nós, é sinal máximo de um BASTA!
Terceiro, o nosso bem estar, que não existe, está afectar terceiros e a nossa conta bancária, ao ponto de nos endividarmos, aí é acabar de vez com a relação, mas, faze-lo a sentirmo-nos orgulhosas de NÓS, sentirmo-nos com uma sensação maravilhosa de liberdade!
O psicólogo poderá surgir, sim, se quisermos falar, mas haverá melhor terapia, melhor cura do que nos livrarmos do que nos faz mal?! Pensem nisso, porquê, levar uma vida inteira num sentimento levado pela incompreensão de porquê eu, coitadinha, logo tive que levar com um homem assim?! Porquê eu ser a vitima, porquê, viver em trauma, afinal?! Entendem?? Ninguém merece sofrer por uma acção que passou! Agora, ninguém merece sofrer nem 8 horas, quanto mais 8 meses com um homem assim!
Acreditem, quem diga que inicialmente houve amor, está a cometer o maior engano da sua vida! NÃO, nunca houve amor, não, o que houve era sim, carência, vontade de aconchego, quando nem por mim eu tinha amor, ou ele tinha a si mesmo! Havia era, tentativa infundada de que com o tempo tudo se resolve, este é o último grande alerta. Não, nada se resolve, a não ser para piorar...e foi precisamente o acreditar que se resolve, que arrastou por 8 meses uma relação condenada ao fracasso.
Escrevo isto para mim, mas, principalmente para todas as mulheres, que se amem, não paralisem, não permitem que digam que não valem nada, que vos chamem libelinha...Peço-vos, libertem-se, tomem consciência, não há casa, conforto, que compre a vossa dignidade, o vosso amor próprio, o vosso valor e poder inestimável de seres maravilhosos que são! Manifestem-se de dentro para fora e viram verdadeiros milagres acontecerem...tudo, milagrosamente mudará, se a vós permitirdes mudar em primeiro, com muito amor, carinho e respeito por vocês. Não é uma teoria bonita e utópica, não, é de experiencia que vos falo.
Obrigada pela atenção a este texto, com muito amor, passem este texto a quem virem que precise
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Fátima